Você
sabia que existe uma doença transmitida por roedores silvestres (ratinhos que
vivem em matas) chamada Hantavirose? É uma doença particularmente importante
para quem vive próximo a ambientes silvestres, ou tem contato com esses
ambientes em viagens e passeios. Esta doença está distribuída em todas as
regiões do Brasil e o número de casos vem crescendo ano a ano.
O
grande responsável por isso tudo é um vírus de RNA, chamado Hantavírus que pode
causar as formas clínicas da febre hemorrágica, a síndrome renal por hantavírus
e a síndrome cardiopulmonar por hantavírus. Em outras palavras, uma doença
grave que leva a óbito 4 dentre 10 pacientes diagnosticados. Há 32 tipos de
hantavírus no mundo, sendo que 3 deles já foram identificados no Brasil.
Mas
como esses vírus são transmitidos dos inocentes ratinhos silvestres aos
inocentes visitantes humanos? Bem, secreções como saliva, fezes e urina de
roedores contaminados secam e se misturam à poeira da terra e do ar, a
principal forma de transmissão se dá quando a pessoa inala a poeira em que o
vírus esteja presente. Há ainda a possibilidade de transmissão através da pele
(contaminantes em contato direto com ferimentos ou mordedura de rato). O
contato do vírus com mucosas é também uma fonte de contaminação, ou seja, se
você tocar um local contaminado e, distraidamente, levar as mãos à boca, olhos
ou nariz pode se tornar a próxima vítima.
A
Hantavirose parece surgir em maior número entre os meses de março e agosto,
durante o período de seca, coincidentemente período de preferência para o
montanhismo. Isso acontece pois, com o fim das chuvas, os alimentos ficam
escassos e os roedores saem para buscar alimentos perto dos habitats humanos.
Além disso, a falta de chuva favorece a dispersão de aerossóis contaminados, ou
seja, a poeira de um solo muito seco de ambiente silvestre pode ser uma fonte
de contaminação aos viajantes.
Por
curiosidade, os roedores não desenvolvem a doença e tornam-se portadores sãos,
o que os torna transmissores pela vida inteira. Já em humanos, os sintomas são
febre, dores musculares e de cabeça, diarreia e vômito, dificuldade para
respirar, taquicardia, tosse seca, hipotensão e edema pulmonar, podendo evoluir
para insuficiência respiratória aguda e óbito.
Após
a contaminação, o início da doença se dá entre 3 e 60 dias. Assim, em caso de
mal estar relacionado aos sintomas descritos, é importante informar ao médico
onde mora e por onde passou nos últimos sessenta dias.
Infelizmente
ainda não existe vacina ou tratamento específico e a única maneira de evitar o
pior é o diagnóstico precoce e o manejo hospitalar adequado.
Como
mencionei, existe o risco de contrair a doença durante passeios ou em qualquer
contato mais íntimo com a natureza. Mas não se desespere! Existem algumas
formas de prevenir essa contaminação. Se você gosta dessas atividades, evite
práticas como deitar diretamente no chão, acampar com locais com presença de
fezes de roedores ou de outros pequenos animais e andar descalço. Além disso,
se for levar alimentos, deve mantê-los em recipientes hermeticamente fechados.
Saiba
que em ambiente externo, a concentração do vírus diminui sensivelmente mas de
qualquer maneira, não se deve descuidar quando se trata de qualquer atividade
que possa levantar poeira, mesmo em ambiente bem ventilado.
Vale
lembrar que está proibida a captura de roedores sem a presença e orientação da
equipe do Instituto Adolfo Lutz/Fiocruz e equipamentos de proteção adequados,
então evite bancar o herói. Lembre-se de que você que está na “casa” desses
pequenos animais silvestres e não o contrário.
Com
cuidado, todo mundo se diverte sem prejudicar a saúde ou a natureza.
REFERÊNCIAS
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